sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Frustração.


Passei minha vida inteira esperando pelo meu glorioso trote como uma espécie de brincadeira secreta que só aos pertencentes do clubinho especial é permitida.

Eis que então fui pro Fundão super animada com os boatos que havia escutado sobre um tal pré-trote já ali na inscrição. Qual o quê? Nada aconteceu - acho que o fato de o meu pai com sua habitual cara de poucos amigos estar presente deve ter influenciado de alguma forma... Contudo eu precisava dele, sou mulher, não tenho GPS de fábrica.

Mas me resignei bem, ainda havia a inscrição por matéria, a primeira semana e fora o boato que também poderia ser falso.

Logo a inscrição por matéria chegou! Legal, se eu fosse veterano hoje estaria lá plantado na porta para zoarmeus calouros. Então planejei tudo fria e calculadamente: coloquei uma roupa legal que me favorecesse, mas já ligeiramente surrada, chamei minha amiga gostosona, também da área de biomédicas, pra me acompanharBem, se tiver homens lá eles não vão nos zoar de mais (no máximo nos cantar), e caso tenha muitas mulheres, eu estou mulamba o bastante pra que elas apenas me ignorem e não tenham nenhuma predileção por mim.

Mas pro meu azar fui, entrei no prédio, passei 3x pela minha portinha até percebê-la e me sentir caloura demais, me demorei o máximo que pude, olhando disfarçadamente (o que pros meus parâmetros é algo grotescamente descarado) em volta à procura de alguma aglomeração de pessoas perdidas feito eu. Quando enfim avistei uma, fiquei contente e já planejando fingir que entrava na rodinha muito a contra gosto. Mas ao me aproximar: o desalento - era o pessoal de enfermagem. E fui embora com somente meu papelzinho me dizendo que teria apenas 3 matérias (como assim?) e qual meu horário. Não ganhei uma agenda dos trotes, como meus amiguinhos do primeiro semestre, mas já me sentia perdida o bastante pra perguntar por ela.

A gostosona tinha que ir se encontrar com o peguete, não tive outra saída a não ser vir embora, mais uma vez limpa e sem conhecer ninguém. Logicamente, por estar desacompanhada, entrei no ônibus errado e fui parar no aeroporto ao invés de vir para Niterói.

Mas só a data de uma palestra informativa com o som de trote vibrando por trás já foi o bastante para que meus ânimos reaparecessem.

No dia da tal palestra cheguei a marcar com um amiguinho. Mas oito meses acordando todo dia meio-dia podem fazer um estrago fora do comum com um ser. Levantar as 6:00 (praticamente de madrugada) se tornou uma tarefa impossível, e, obviamente, perdi a hora. Mas, tudo bem, era só uma palestra, no máximo teriam apresentações depois, sem falar que terei toda uma semana de trotes pra me refestelar depois do dia 4 - tentei mentir pra mim.

E então hoje veio a frustração mor, a supra-sumo das frustrações, a maior frustração da minha vida (nem quando eu descobri que o músculo que pode aumentar até 5x o tamanho é o do olho fiquei tão frustrada). Descobri que toda essa semana que passou foi justamente A semana do trote, meu tão sonhado trote.

Foi como se o Macaco Louco entrasse na sala dos cristais das ilusões e esperanças. Esperava pelo dia que eu comprovaria minhas teorias de que com um bom decote e uma tatoo de guache no braço eu arrancaria milhões em moedinhas de 0,10 dos homens feitos da rua. Queria voltar ao meu colégio cheia de orgulho mostrando o resultado do trabalho deles (e arrancar mais alguns milhões em moedinhas dos professores queridos).

Agora vou ter que esperar pela minha segunda faculdade, isso se eu fizer uma. Mas aí já estarei caída, e nada será como esse seria. Meus professores serão velhinhos senis, surdos e estressados por tantas crianças chatas e nem se lembrarão de mim-mais uma das crianças chatas.

Estou frustrada. E muito. Contrariada. De biquinho. Chateada. Agora só resta - me o doce consolo dos chocolates, que nunca me frustrarão, não importa o quanto eu seja distraída, tonta ou preguiçosa.