segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Não é mais que um breve adeus.




                   Há uns 10 anos, quando eu era membro juvenil David fez uma pergunta numa noite mística: “Por que vocês acham que nós, chefes, gastamos nosso tempo, disposição e paciência com o escotismo”?
                Na época eu não tive uma resposta decente. Achava que era pela sensação de estar ajudando alguém.
                Hoje eu consigo pensar em algumas boas respostas...
                Um dos meus eventos como pioneira, junto com Mellina, Neruska, Márcia e Aimee, foi o: “Um dia de escoteiro”. Esse projeto trouxe para nosso GESFA algumas pessoas novas que desde o início foram maravilhosas e aderiram o escotismo como modo de vida e adotaram o GESSFA como família.
                Poucos anos depois, quando eu estava com quase 21 anos, prestes a sair do Clã, já decidida a dar um tempo do movimento, me fizerem a proposta de me juntar ao Kob, meu amigo e padrinho no Clã, na chefia da TSM. Chefia que estava momentaneamente desestruturada.
                E como eu poderia não aceitar esse convite, sendo a tropa em questão formada pelas 3 crianças que chegaram no grupo naquele evento. Crianças que me adotaram como irmãzinha, antes mesmo de eu ser qualquer outra coisa pra eles além de colega de grupo. Mas ainda assim eu não aceitaria, eu não mantinha a organização no meu armário, como manteria organizada uma tropa com jovens de 15 a 18 anos?!!!!Porém duas pessoas acreditaram que eu era capaz, pessoas cuja opinião importa, e muito. Então, acreditando muito mais nelas do que em mim mesma eu virei chefe. Achando que passaria aos outros tudo o que o escotismo já havia me dado.
                E eu, Euzinha da Silva virei chefe Sênior, ou como sou mais conhecida, Chefona Boladona! E pude conviver, aprender e ensinar com essa tropa.
                E muito prematuramente minha Bia fez 18 anos e saiu de minhas asas. Foi a despedida mais emocionante e lacrimosa que já participei. E ela deixou de ser minha guia e amiga e se tornou só minha amiga.
                Mais um tempo e Biazinha também alcança a maioridade. A tropa já era diferente, outras pessoas. E lá se foi minha maior guia, minha protetora, minha ajudante. Ela me lembrava de como um sênior deveria ser. Meu exemplo de monitora, companheira e amiga. Dessa vez foi uma despedida menos molhada, mas que doeu, doeu muito. Quando meu mestre pioneiro foi buscar minha menininha, meu coração foi junto.
                E enquanto eu ainda tento superar a passagem da Bia, o mais novo integrante dessa tropa a três deixou de ser quase maior de idade e virou judicialmente um homem.
                Aquele que nos últimos tempos me ajudou a madurar a segunda geração da minha tropa. Que sempre topou todas as maluquices e cabriolagens dessa que os fala. O Companheiro, amigo e sempre solícito e supereducado Rafhael. Aquele que no Dia do Escoteiro foi o primeiro a falar comigo e desde então nunca me deixou sozinha.
                Como se já não fosse emocionante o suficiente, como se o meu coração já não estivesse apertado o bastante por cortar o cordão umbilical, ele ainda me faz um maravilhoso e verdadeiro presente. Foi a coisa mais linda que você poderia ter feito. E eu sou hedonicamente grata.
                Agora posso responder com riqueza de detalhes e exemplos o porquê de eu ser chefe, de perder noites planejando acampamento, gastar hooooras verificando etapas de progressão e vendo especialidades. Porque o que essas crianças me dão em troca, não tem preço, não existem palavras pra descrever, mas a que mais se aproxima é amor! E é um amor tão fácil, tão absoluto que nem cabe em mim ou nesse textinho.
                Obrigada Mestres, por acreditarem em mim. Obrigada Rafha, pelo presente. Obrigada Tropa a Três por serem as melhores cobaias do mundo. E obrigada aos meus meninos de agora, por aturarem essa verdadeira Felícia lambendo a cria a todo tempo (já viram que não vou deixar vocês irem embora tão facilmente, né?!).