sexta-feira, 28 de junho de 2013

Das coisas de plebe.





                Devo estar ficando velha... só pode! Cada vez mais coisas corriqueiras me incomodam. Tento ser mais transigente e evoluída, mas definitivamente isso não me pertence. Por exemplo: situações desconfortáveis de ônibus.
                Aquele ser, geralmente avantajado, que, na hora de sentar do seu lado, meio que erra o alvo e joga metade das próprias dobras em cima de você sem ao menos falar com licença.
                Ou o indivíduo, sempre com a voz mais esganiçada e irritante possível, que nem os tampões de ouvido abafam, que pensa que trânsito é lugar de gastar o bônus da operadora e ligar pra 75% da agenda. Mas como se não fosse o bastante esse camaradinha comunicativo tem que falar alto! Por que Senhor? Por quê? Não me interessam os exames médicos, ou o que Fulano disse pra Siclano sobre Beltrano! Quero é dormir! Sem falar nos rádios, onde além de você escutar o mal educado daqui escuta também a resposta do de lá! Isso é pior do que os dois mal educados que conversam gritando, como se estivessem numa boate com som estridente. Esses dois ainda é possível acompanhar, feito telenovela...
                E os caras que não seguram sua mochila? Se o indivíduo Um está sentado, é sabido que esse deve ajudar o indivíduo Dois que está de pé.
                Tem também os que não levantam pros velhinhos? Todo mundo sabe que eles são cheios de dores e quase nenhum equilíbrio e por isso têm que ficar sentados! Mas pior são os velhinhos que param do meu lado e quem tem que levantar sou eu.
                Todavia, dúvida encasquetante mesmo são as grávidas gordas que você não sabe identificar se aquele barrigão é um filho ou só muito hambúrguer com coca cola.
                E os caras que colocam música tão alta no fone de ouvido que você e todo o estado do rio também escutam? Isso me dá uma irritação tão grande! Porque eles já estão de fones de ouvido, em teoria eu não poderia reclamar e então passo toda minha viajem alternando entre ficar com raiva e reunir corajem pra falar com o cara.
                Mas e no dia mega frio, que o ônibus tá meeega gelado e você quer que aquele gordo que emana calor sente do seu lado e senta aquela garotinha magricela? Por culpa dessa garotinha você morre congelado.
                Não vou nem falar no roubo que é a passagem de ônibus. Eu entrei na faculdade pagando 3,20, to saindo pagando a bagatela de 5,95!Não quero dar qualquer relevância politico-social e tirar o ar de pilhéria do texto.
                Ônibus lotado? Um monte de gente suada, fedorenta encostando em você. E as vezes, você quer ser gentil e se espreme para que o sujeito passe atrás de você, ele se sente confortável e feliz e então para bem ali e não deixa espaço pra você voltar pra onde estava e por isso tem que passar todo o trajeto encolhida!
                Ruim mesmo é quando fica tanto tempo no transito que o livro chega à parte chata. Ou pior, quando ele acaba?! Aí a dor do fim se junta à expectativa de uma jornada longa e sem distrações.
                E o ônibus velho, trepidante que range a cada ranhura do asfalto e como aqui no rio quase não tem irregularidades nas ruas eu me sinto como se estivesse viajando num liquidificador com assentos de igreja igualmente duros e desconfortáveis feitos única e exclusivamente para o meu suplicio.
                As pessoas não sabem que ônibus são feitos pra dormir ou pra ler? Se não sabem deveriam saber! Espero estar esclarecendo essa dúvida.


Os.: 1- Se for uma viajem longa ou excursão a ordem é justamente fazer muita bagunça, cantoria, zoar quem dormir e colar o piroto no teto.
        2- Esse texto foi criado e produzido numa longa viajem de ônibus sem livros ou tampões de ouvido.