terça-feira, 29 de setembro de 2015

Da utilidade das coisas:

Uma cadeira gosta de ser sentada.
Um melão serve para ser comido. 
A comida que envelhece na prateleira antes de ser comprada e comida não cumpriu sua missão na terra.
Um livro que ninguém lê é um livro triste.
O arroz que  invés de alimentar uma pessoa voa sobre um casal é confuso e tem uma crise de identidade tremenda!
Qualquer pessoa que pense direitinho consegue arranjar um monte de coisas pra fazer. Todo mundo é bom em alguma coisa.
A flor que é colhida para enfeitar se torna um objeto morto. É um desperdício de vida. 
Brinquedos antigos esquecidos no armário não fazem nada enquanto  poderiam estar sendo felizes com crianças felizes. E também roupas e objetos que vivem num canto abandonados só ocupando espaço.
Coisas que não usamos devem ser doadas. Pra energia circular. E dar chance de novas coisas aparecerem, ou não. E o mais importante: pra que cada peça retome sua utilidade.
Daí excessos devem ser evitados. Se não vai comer tudo não coloque no prato. Se pode carregar em uma sacola não coloque em duas. Se algo pode ser reaproveitado, faça isso. Se não usa mais, doe. Se puder, recicle.
Seja criativo e econômico. Troque roupas com amigos, venda e compre objetos usados. Conserte o que der pra consertar ao invés de jogar fora.
Assim como as palavras também devem ser economizadas; se não acrescenta nada, não muda nada, não precisam ser ditas.
Coisas que não são usadas para o que foram feitas, não produzem ou ficam paradas sem uso são coisas vazias de vida triste. Assim como pessoas. Dar utilidade à alguma coisa é conferir sentido para a existência do objeto ou ser em questão.
 


"Nada gosta de não fazer nada 
Todo telefone quer tocar 
Uma janela é tão infeliz fechada Quanto um carro sempre no mesmo lugar 
Um relógio parado não existe 
Um som sem som tem uma vida ruim 
O apêndice é o órgão mais triste 
Por que comigo não vai ser assim?..."
Pra ter o que fazer 
Clarisse Falcão

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Hoje não

Simplesmente estou me se sentindo mal, triste e desamparada. 
Sem alternativas. 
Sem saídas. 
Sem opções. 
E tudo o que eu faço é pra disfarçar, pra distrair, pra enganar um sentimento chato que só faz crescer, parece que dá metástases e de vez em quando, como hoje, dói, mas dói demais.
Todo o trabalho que a autoestima deixou de fazer aparece; E começo a crer em tudo de ruim que já me falaram; principalmente no que as pessoas que importam falam.
Há pouco tempo tento desenvolver um amor-próprio sem muito sucesso. E uma das coisas que faço é me convencer que tenho pontos positivos e que eles são mais importantes que os negativos. Daí fiz uma lista de coisas que já realizei na vida. Tipo estudar no CPII, me graduar na UFRJ, estar progredindo bem na carreira, dar cursos, dançar bem ou ter sido chefe dos meus jovens.
Em geral me dá ânimo. Mas hoje existir tá tão difícil que nem isso ajuda. Não consigo camiflar muito bem minha tristeza, mas hoje não teve máscara que disfarçasse nem minimamente.
Eu podia estar movimentando minha vida: estudando, arrumando meu quarto ou no forró dançando. Mas hoje não tenho forças. Mal enxergo entre os cílios encharcados!
Hoje não consegui driblar esse nó na garganta. 
Hoje o beijo do meu amor não fez tocar sinos, não me senti num lar na minha casa, meus amigos não iluminaram meu dia, meu trabalho não soou interessante, dançar não fez minha mente desanuviar e meu corpo flutuar. Nem as lágrimas quentes rolando no rosto conseguiram tirar o peso que se aboletou no meu peito.
Não consegui superar e seguir com minha cisma de ser feliz. Hoje não deu pra criar um texto bonito, nem engraçado ou mesmo interessante.
Simplesmente hoje não