Há uns 10 anos, quando eu era
membro juvenil David fez uma pergunta numa noite mística: “Por que vocês acham
que nós, chefes, gastamos nosso tempo, disposição e paciência com o escotismo”?
Na
época eu não tive uma resposta decente. Achava que era pela sensação de estar
ajudando alguém.
Hoje
eu consigo pensar em algumas boas respostas...
Um
dos meus eventos como pioneira, junto com Mellina, Neruska, Márcia e Aimee, foi
o: “Um dia de escoteiro”. Esse projeto trouxe para nosso GESFA algumas pessoas
novas que desde o início foram maravilhosas e aderiram o escotismo como modo de
vida e adotaram o GESSFA como família.
Poucos
anos depois, quando eu estava com quase 21 anos, prestes a sair do Clã, já
decidida a dar um tempo do movimento, me fizerem a proposta de me juntar ao
Kob, meu amigo e padrinho no Clã, na chefia da TSM. Chefia que estava momentaneamente
desestruturada.
E
como eu poderia não aceitar esse convite, sendo a tropa em questão formada
pelas 3 crianças que chegaram no grupo naquele evento. Crianças que me adotaram
como irmãzinha, antes mesmo de eu ser qualquer outra coisa pra eles além de
colega de grupo. Mas ainda assim eu não aceitaria, eu não mantinha a
organização no meu armário, como manteria organizada uma tropa com jovens de 15
a 18 anos?!!!!Porém duas pessoas acreditaram que eu era capaz, pessoas cuja
opinião importa, e muito. Então, acreditando muito mais nelas do que em mim
mesma eu virei chefe. Achando que passaria aos outros tudo o que o escotismo já
havia me dado.
E
eu, Euzinha da Silva virei chefe Sênior, ou como sou mais conhecida, Chefona
Boladona! E pude conviver, aprender e ensinar com essa tropa.
E
muito prematuramente minha Bia fez 18 anos e saiu de minhas asas. Foi a
despedida mais emocionante e lacrimosa que já participei. E ela deixou de ser
minha guia e amiga e se tornou só minha amiga.
Mais
um tempo e Biazinha também alcança a maioridade. A tropa já era diferente,
outras pessoas. E lá se foi minha maior guia, minha protetora, minha ajudante.
Ela me lembrava de como um sênior deveria ser. Meu exemplo de monitora,
companheira e amiga. Dessa vez foi uma despedida menos molhada, mas que doeu,
doeu muito. Quando meu mestre pioneiro foi buscar minha menininha, meu coração
foi junto.
E
enquanto eu ainda tento superar a passagem da Bia, o mais novo integrante dessa
tropa a três deixou de ser quase maior de idade e virou judicialmente um homem.
Aquele
que nos últimos tempos me ajudou a madurar a segunda geração da minha tropa.
Que sempre topou todas as maluquices e cabriolagens dessa que os fala. O
Companheiro, amigo e sempre solícito e supereducado Rafhael. Aquele que no Dia
do Escoteiro foi o primeiro a falar comigo e desde então nunca me deixou
sozinha.
Como
se já não fosse emocionante o suficiente, como se o meu coração já não
estivesse apertado o bastante por cortar o cordão umbilical, ele ainda me faz
um maravilhoso e verdadeiro presente. Foi a coisa mais linda que você poderia
ter feito. E eu sou hedonicamente grata.
Agora
posso responder com riqueza de detalhes e exemplos o porquê de eu ser chefe, de
perder noites planejando acampamento, gastar hooooras verificando etapas de progressão
e vendo especialidades. Porque o que essas crianças me dão em troca, não tem
preço, não existem palavras pra descrever, mas a que mais se aproxima é amor! E
é um amor tão fácil, tão absoluto que nem cabe em mim ou nesse textinho.
Obrigada
Mestres, por acreditarem em mim. Obrigada Rafha, pelo presente. Obrigada Tropa
a Três por serem as melhores cobaias do mundo. E obrigada aos meus meninos de
agora, por aturarem essa verdadeira Felícia lambendo a cria a todo tempo (já
viram que não vou deixar vocês irem embora tão facilmente, né?!).