quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ela é bailarina.

Sinto a música pulsando, primeiro no estomago e depois se espalhando. Começo a me mexer tão timidamente quanto meu desejo me permite, esboço um sorriso e olho em volta a procura do meu par.

E então vou dançar. E quando danço tudo se dissolve, tudo se apaga, o espaço e tempo se dilatam. Tudo se resume a mim, meu par e a música. Sinto cada parte, cada músculo, sinto as articulações amolecendo e se soltando; Sinto a música pulsando, primeiro no estomago e depois se espalhando; sinto o meu par.

Um arrepio perpassa meu corpo, a cabeça se esvazia de preocupações, o corpo se relaxa, o sorriso toma conta de minha face e quando noto estou sendo conduzida pelo salão com olhos semi-serrados de prazer. Sinto-me flutuando.

Não sou mais uma estudante, filha ou amiga, sou uma dama sendo conduzida. Apenas atendo aos pedidos do meu cavalheiro. Não sei o que vai acontecer no segundo seguinte até acontecer. Sou um corpo inerte esperando a condução, e quando essa vem me movo na direção indicada, é uma coisa instintiva, faço coisas que nunca aprendi, que nem mesmo sei que sou capas de fazer, só faço.

O contato? Ah, o contato pode falar tanto... Pode dizer: eu te quero ou só quero me divertir.

Se for com a pessoa certa então, melhor! A mão na mão com um leve aperto. Os olhos nos olhos. A mão dele pressionando minhas costas. O calor do peito dele junto do meu, sinto seu coração batendo descompassado. Minha mão em sua nuca, mexo em seus cabelos macios. Seu perfume inunda minhas narinas.

Então já não somos mais eu e ele, somos um bloco humano vibrando, quase instintivamente, ao som da música. Somos pele, toque, cheiro e movimento.

Ainda posso escolher que emoções sentir; Se quero sentir meu parceiro, se quero valorizar o toque, o contato vou dançar um xote, um tango ou bolero. Na a salsa, no soltinho e no samba, sou mais energia, explosão e alegria. O zouk emana sensualidade. O ballet exprime toda delicadeza e languidez possíveis a um ser. Na dança contemporânea tudo é força, virilidade, sensualidade, energia e explosão. A dança do ventre, embora aparentemente seja dançada apenas pela mulher, é na verdade dançada pelos dois, pela bailarina e pelo espectador. Cada movimento dela gera uma reação - a respiração torna-se mais profunda, o olhar mais desejoso - e isso incentiva a mulher a querer seduzir ainda mais seu voier.

Não conheço, infelizmente, todas as danças. Mas não conheci até hoje uma que não tivesse seu brilho. Partindo da premissa, é claro, de que funk não é musica funk também não é dança, no máximo uma demonstração pernóstica e vulgar. É exatamente o que existe em quase todas as outras danças, só que sem a sensualidade, sem a classe, sem sutileza, enfim, não é dança.

Enfim, não importa o que cada ritmo suscite em você, isso muda de pessoa pra pessoa, o importante é o quanto é maravilhoso dançar. Um prazer que beira o divino.

Por mais que eu continue a tentar descrever tudo o que sinto ao dançar, escreverei um livro e nunca chegarei nem perto da realidade do que é dançar. Porque dançar é simplesmente uma coisa inexplicável.

Dançar é minha mais doce paixão.


3 comentários:

Anônimo disse...

Ωραιο το blog. χαιρετισμους απο Λεωνιδιο.

Juliana Valentim disse...

Foi mal, não li o texto inteiro pq é muito grande...mas como vai vc? bem?

Anônimo disse...

se metade dos meus alunos tivessem essa erudição... o mundo tava salvo !
continue escrevendo !
beijo