Boletim Bistrô.
Meu Deus, como é difícil dar foras.Eu odeio ser mal-educada, dar foras ou respostas desagradáveis.
Definitivamente não nasci para baladas, por isso que das ultimas (na verdade em todas, já que eu só comecei a sair realmente agora) vezes que saí só usei salto acima de 7cm. Assim já afugenta 70%, os outros 30% que chegam ou são muito abusados ou já estão bêbados o suficiente pra chegar falando coisas do naipe:”Caraca mulé, tu é alta pra dedeu! Mas não tem problema não, eu uso banquinho”. Não existem homens altos no mundo, muito menos em baladas, só anão abusado ou bêbado.
Por isso eu falo e repito, salto não é roupa nem acessório, é processo seletivo. O problema é que está mais fácil passar em vestibular de medicina ou na prova da OAB do que no meu sistema de triagem nas noitadas.
Mas até que alguns dos 30% que chegam são bem criativos. Chego a rir. E faz bem pro ego ter tanta gente te olhando.
Além dos carinhas chegando tem a música. Putz eu saí surda da ultima vez que fiquei mais de 5h dentro de uma boate, e não é hipérbole não, não escutava nem o que eu mesma falava!
Fora o cigarro. Você sai defumada de dentro de uma boate. Neguinho fuma tanto que quando chego em casa até a calcinha está fedendo a cigarro.
E os preços? Dono de casa noturna acha que jovem é multi-milhonário? Só a entrada já é um roubo, trinta, quarenta reais (ainda bem que existem as cortesias). E para beber qualquer coisa? Uma bebidinha não é menos que oito reais, assim enfraquece a firma. Mas não é que mesmo assim no meio da noite já começam a aparecer os bêbados? E quando saímos várias pessoas vomitando os milhões que consumiram.
Noutro dia saímos eu e mais duas, todas acima de 1,75m. Foi um rebuliço quando chegamos, ”Oh!” Soou ao fundo, todos viraram o rosto, babando e comentando entre si, mas no fim da noite as baixinhas estavam lá, todas acompanhadas, e nós, pobres mulheres altas só de enfeite da boate, não quero insinuar que eu queria me agarrar com algum desconhecido, mas papos despreocupados na balada são divertidíssimos e as vezes rende alguma coisa!
Estávamos as três dançando e olhando o espécime mais raro de uma noitada: O cara alto. Ele nos foi apresentado e a mais interessada dentre nós catou o mancebo. Minutos depois, quando o ser já tinha agitado toda a cerveja dentro da mulher, ela passou mal, o cara se mandou e quem foi ajudá-la foram os baixinhos que ficaram rondando (nesse momento cogitei a hipótese de diminuir o salto algum dia). Esses homens de hoje em dia...são uns filhos das mães, ninguém vale nada. Até agora eu estou irritada com o bonitão de 1,90m!
Por isso não sou nem de longe a favor de pegação despreocupada. Que isso?”Oi, você é linda, sabia? Quero te beijar.” E não é que tem muita mulher que beija?!!! Eu fico passada vendo essas coisas. O cara era lindo, mas não valia uma bufa. Eu estaria muito mais irritada se fosse eu quem tivesse pegado o sujeito, estaria me sentindo burra e usada, ainda bem que não faço essas coisas.
Agora, horas depois eu ainda estou com o pé dolorido.
E quando enche então? Meu, não se consegue dar dois passos sem esbarrar em alguém ou pior um algum estabanado derramar sua bebida super cara (ou então sem querer esbarram na sua bunda). Para chegar até o banheiro tem que cutucar, empurrar e se esfregar em pelo menos vinte pessoas diferentes, isso se estiver perto.
E agora eu me pergunto: Como? Como alguém pode gostar de perder uma noite inteira de sono, pagando muitos milhões para entrar em um lugar super abafado, super-lotado, fedendo a cigarro, onde você terá de ficar de pé com uma música super-alta, com vários carinhas super-abusados te cercando feito mosca no pão doce?
É uma pergunta muito difícil, mas a resposta é simples: Eu amo dançar. Dançar é o combustível da minha vida, e é só ter pelo menos mais uma amiga pra falar mal das escrachadas mal vestidas e dos feiosos cheios de marra. Com amigas qualquer lugar fica bom. É tão bom que invalida todos os pontos negativos que falei até agora. A música passa a vibrar dentro de mim, compassando os meus movimentos, o preço das bebidas impedem o meu coma-alcoolico, mas não o suficiente pra eu não levar os abusados na esportiva e me divertir com as cantadas baratas, as moscas de padaria deixam de ser problema, principalmente quando são interessantes e criativos, eles amaciam meu ego. A dor no pé passa em um ou dois dias, as roupas defumadas ficam cheirosas quando saem da máquina de lavar, o cheiro entranhado na pele acaba quando saio do banho e a surdez passa em uma horinha.
Então noitadas são maravilhosas! Danço até criar bolhas nos pés, me acabo com minhas amigas, bebo o suficiente, me divirto com cantadas baratas, ignoro abusados de mão boba.
Amo minhas noitadas e daqui a quinze dias tem mais Boletim Bistrô.