sábado, 31 de janeiro de 2009

Acalanto para a dor.




Falaram-me que a dor é inevitável, o sofrimento, opcional.
Então porque estou tão triste? Eu não optei por isso.







Queria poder ignorar, ou hibernar até que tudo pareça um pesadelo, mas não é possível. Algo foi quebrado e nunca será restaurado.
Posso fingir pra todos que já passou, que não significou nada de mais. Mas não pra mim, sofro e não escolhi por isso.
Quero dormir e não sonhar.
Queria que xingar, chutar e gritar resolvessem. Mas não resolvem.
Quando não tem um fim, não acaba. Fica pulsando no fundo, por baixo de tudo.
O fim em si não é o problema. Não ter um fim é um problema.
É como ficar presa num limbo. E não posso me libertar, não das lembranças, da frustração e nem das perguntas. Não do cheiro.







Hoje guardo os poemas que te fiz
Recolho as rimas, as palavras loucas
Os versos amarrotados, amontôo

Hoje desejo o inexprimível
Acariciar o nada, sentir o vazio
Alhear-me de qualquer lamento

Hoje prefiro a imprecisão, o disfarce
Asfixiem os tolos suspiros e murmúrios
Ou qualquer voz que fale de saudade

Hoje embrulho a ilusão, a espera
Engaveto os delírios e quimeras
Lavo-me dos cheiros das promessas

Hoje não me falem de poesia
Emudeçam o sol, vigiem a lua
Silêncio! Minha dor quer apenas dormir...

9 comentários:

Fabrício Sales disse...

Sem palavras. Nem a palavra "BELO", nem o seu superlativo "BELISSIMO", conseguiriam definir a perfeição do seu poema.
E as palavras, fascinante, fatástico, lindo... tão pouco.

Se bem o que é isso!
abraços!

Anônimo disse...

Desta vez você me surprendeu, está lindo o seu texto. Continuando assim em breve teremos não uma fisioterapeuta e sim uma escritora bela, ou seria uma bela escritora?

Tatiana Maria disse...

Nem preciso dizer que o seu poema é lindo, pois outros já disseram antes.
Fiquei feliz ao lê-lo. É belo descreve seu momento e a sua alma.
Não acredito que o sofrimento seja opcional, se fosse fácil apagar mágoas, não existiriam milhões de livros de "auto-ajuda" dentre os mais vendidos.
Cada um tem o seu tempo. Nem sempre é fácil virar a página, principalmente quando se está envolvida de corpo e alma.
Você tem toda razão ao dizer que as fotografias completam o que você escreve, e essas ficaram perfeitas com o todo do poema, e mostram bem como você está!

Lindo!

Ela disse...

Algumas coisas acontecem na nossa vida e simplesmente não podemos esquecer.
Nem tampouco conseguimos voltar a ser aquela pessoa de antes.
Nos tornamos outra pessoa.
Melhor, pior ou simplesmente diferente, mas ainda outra pessoa. Nunca mais aquela de antes.

É, a vida é assim.

Mota disse...

Ta muito chorante. E sonhavel também. Nossa faz tempo que algo escrito não me deixava assim. Acho que você conseguiu, dividir um pouco a sua dor com os outros e assim torna-la menos forte. Cicatrizes não somem, elas so param de doer. Um dia você olha pra elas, e não lembra mais da dor.

Juliana Valentim disse...

Ficou muito bom, bom mesmo.

Anônimo disse...

Insista, persista mas, NUNCA desista, pois um dia você conquista.

Unknown disse...

Eu sempre pensei que eu sempre ia ser o lado deprimido e vc o feliz.

Me pergunto se isso é temporário ou não... Se o que era regra agora vai ser exceção... Porque se for assim, bem-vinda ao meu mundo.
Então não existe solução. Ou vc pode achar que alguma coisa possa resolver e esperar por isso... Bom, comigo até hoje não funcionou. Mas ainda acho cedo pra desistir, ou simplesmente não consigo desistir. Sei lá. Mas de vez em quando se vê uma esperança por aí, embora a maioria das coisas sejam muito mais deprimentes... o bom é se agarrar ao bom, mesmo que não seja muito. É só isso que faz com que eu levante da cama todos os dias.

Seja como for aí, eu continuarei aqui, ce sabe.

Tatiana Maria disse...

Saudades imensas...