terça-feira, 21 de abril de 2015

Infância feliz

                Não me lembro do meu primeiro dia como escoteira. Não que não tenha sido importante, mas porque eu só tinha 5 anos. Lembro sim das sensações do meu primeiro acampamento, me senti útil, parte de um grupo e feliz.  
                Também não me lembro da minha promessa. Só da sensação de poder usar o uniforme. Da minha vida de lobinha, foram outros momentos que ficaram gravados.
                Eu era da matilha branca. Lembro de mostrar orgulhosa um caderninho de boas ações pra minha Akelá Claudenice, fazer fantoches,  de chegar em casa contando tudo o que aprendi numa excursão ao museu do índio, à um navio ou ao zoológico, uma trilha na floresta da tijuca, da especialidade de confeiteiro, dos acampamentos de grupo, quando eu via com admiração e medo os mais velhos, da especialidade de cultura indígena que meu pai me ajudou a tirar, ou de como ele treinava comigo bola e peteca na pracinha pra eu conseguir melhorar nos jogos. Lembro muito bem dos acampagesfas, aniversários com bolo, dias só de música, de mamãe como parte do grupo...
                Gostava das atividades externas, conjuntas com o quarto, de desfilar no sete de setembro, lembro-me de um chefe bigodudo do quarto falando na ilha da boa viajem, ou de um acantonamento no sétimo quando me arrumaram um namoradinho Samuel que eu detestava.
                Também me lembro do Mang, o morcego, que roubou meu biscoito na inspeção da mochila e comeu sozinho ou dizia pra eu me virar quando os mais velhos roubavam meu boné, não fiquei triste quando ele saiu!
                Aprendi a respeitar os velhos lobos, ser boa e fazer tranças! Sei que perguntava coisas ininterruptamente, amava brincar na lama, comer pão com geleia e escutar as estórias. Lembro-me de como eu estava nervosa no meu cruzeiro do sul e como passei semanas carregando e colorindo uma pasta de documentos. Já escutei estórias de que fui eu que quebrei o totem da alcateia, mas não me lembro dessa parte não!! Até hoje fazer o melhor possível e sempre tentar são idéias que vieram da alcateia e fazem parte do meu dia a dia.
                Nessa época minhas referencias dos mais velhos eram ótimas, tinha a menina de cabelos bonitos, acho que era chefe sênior, um bigodudo de sorriso largo que sempre falava coisas legais e que acho que era o pai da Mell, e o tio do biscoito, que anos depois descobri que era o Kobould. Tinha vários amiguinhos, tipo Wagner, Estevão, Loany, Isabela, Laurinha, Diogo que cantava Ana Julia. Tive também outra akela, Eliane; sei que ela me deu um pijama do piu-piu no meu aniversário!
                 Não tinha amigos na escola, nem em outros lugares, só no escoteiro. Lá sempre me senti aceita e importante.
                Quando ia fazer onze anos e sair da alcateia pra cidade dos homens eu estava com tanto medo que não queria de jeito nenhum passar. Então duas monitoras, Sthefanie e Lívia, que eu sempre admirei e achava lindas e sagazes vieram falar comigo. Senti-me tão importante e quase confiante que passei quase sem medo.                                                                                                                                      Só me lembro de um fogo de conselho onde pela primeira vez prestei atenção na letra da canção da despedida e chorei.                                                                                                                                 Comecei a frequentar o gesfa em 1994, entrei na alcatéia em 1995 e saí em 2001. Agora quando fui procurar fotos dessa época nao achei muitas, afinal nessa época não se tirava muitas fotos, mas todas que achei eu estava sorrindo. Por muito tempo foi o ramo onde fui mais feliz.                                     Nas fotos: excursão ao Navio em 96. meu primeiro acampamento em 95, minha promessa em 97, e meu cruzeiro do sul em 2000.

Um comentário:

Biazinha disse...

Que bonitinha *-* hehe <3